
Uma árvore com potencial
medicinal e considerada ‘raríssima’ foi encontrada por pesquisadores e biólogos
em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo. A ‘Hortia Brasiliana’, conhecida
popularmente como ‘paratudo’, não era vista há mais de 50 anos no estado de São
Paulo.
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O encontro de uma árvore da
espécie aconteceu no início de junho, mas só foi divulgado recentemente, após o
grupo de pesquisadores voltar à região da primeira espécie e encontrar pelo
menos mais 20 árvores do mesmo tipo, no dia 8 de julho. “Encontramos uma
população. Elas estão em plena florada e frutificação”, afirma o pesquisador,
biólogo e botânico José Ataliba.
José é membro do grupo que
encontrou a árvore. De acordo com o especialista, eles estavam fazendo uma
trilha no Pico do Piúva, em região de Mata Atlântica, quando encontraram a
Hortia Brasiliana, nome cientifico da árvore.
“Estávamos fazendo uma trilha
por conta da Semana Mundial do Meio Ambiente na região do Pico do Piúva, em
Ubatuba, quando encontramos um fruto dessa árvore. Eu só conhecia pela
literatura, nunca havia visto”, lembra.
Até então, o único encontro de
uma árvore dessa espécie no estado de SP havia acontecido há 52 anos, em 1972,
em São Sebastião, que também fica no Litoral Norte do estado.
Elas são mais comumente
encontradas no bioma Cerrado, onde são menores do que os indivíduos de SP - em
Ubatuba, as árvores encontradas neste ano têm cerca de 25 metros de altura.
“As árvores do Cerrado são de
pequeno porte, mas a de Ubatuba é colossal. A primeira que encontramos tem 25
metros”, diz José Ataliba.
Botânico e professor
Departamento de Biologia da USP, o especialista Milton Groppo também comemora o
raro encontro da Hortia Brasiliana.
“É muito difícil encontrarmos
populações dessa árvore. No estado de São Paulo tivemos apenas uma coleta, há
mais de 50 anos. Essa era a única coleta que tínhamos, de um indivíduo só.
Então é muito difícil encontrarmos. É raríssima”, afirma.
Ela explica que o fruto da
árvore é a baga, que parece um limão e é muito procurada e consumida por certos
animais.
“Essa árvore dá um fruto que
chamamos de baga. Parece um limão. Também é azedo, mas tem a polpa molinha,
esverdeada. Ela é muito procurada por pacas, cotias. Eles comem quando o fruto
cai no chão e fazem a dispersão da espécie. Também tem aves que podem comer os
frutos. Então ela é importante para a manutenção da fauna do local”, pontua.
Além de ser alimentos para os
animais da região, a baga também é conhecida pelo seu uso na medicina.
Especialistas afirmam que o fruto é útil contra náusea, enjoo e febre, entre
outras coisas - por isso a árvore é popularmente chamada de ‘paratudo’.
“O paratudo, como o próprio
nome diz, é utilizado para muitas coisas, mas não foi muito bem estudado ainda
do ponto de vista farmacêutico. Ele é utilizado para tratamento de febre, dor
de cabeça e todas as coisas ligadas a inflamações e infecções. Mas esse uso é
muito mais popular entre as pessoas mais antigas. Como a árvore é muito rara,
não vemos mais tantos relatos do uso dela”, explica Groppo.
Os biólogos pretendem voltar a
explorar o local para encontrar outros indivíduos da Hortia Brasiliana. Isso
porque a árvore é conhecida por viver em populações - a chance de encontrar
mais unidade no Pico do Piúva, portanto, é maior.
“Ela só ocorre em áreas de
floresta de Mata Atlântica que são muito protegidas, então é muito possível que
a gente encontre novos indivíduos se forem feitas mais coletas extensivas.
Ainda existem regiões de São Paulo que precisam ser coletadas, especialmente
trilhas mais difíceis como essa”, conclui o professor Milton.
Fonte: g1 Vale do Paraíba e
Região