
Um artista plástico de Assis,
no interior de São Paulo, se destacou ao exibir pinturas onde ressignifica
tanques de guerra em um museu de Hannut, uma pequena cidade da Bélgica palco de
uma das maiores batalhas durante a Segunda Guerra Mundial.
Kleber Lopes trabalha principalmente com grafitagem e já participou de vários leilões e exposições fora do Brasil. Em março de 2024, quando expunha seus trabalho em Madrid, na Espanha, recebeu o convite para transformar uma antiga fazenda, na Bélgica, que funcionava como haras de cavalos, em um museu de street art, que mistura arte com gastronomia.
A fazenda está localizada em
Hannut, uma cidade belga com pouco mais de 16 mil habitantes, que durante a
Segunda Guerra Mundial foi o cenário de uma das maiores batalhas envolvendo
tanques de guerra da época.
“O motivo de eu ter sido
convidado para participar desse projeto aqui foi porque eu pinto uma temática
que tem um tanques de guerra sendo levitado por bexigas, e foi exatamente aqui
nesta fazenda, onde ocorreu a maior batalha de tanques da Segunda Guerra
Mundial, que se iniciou em 1940”, contou o artista.
A Batalha de Hannut aconteceu
em maio de 1940, no território da Bélgica, quando os alemães queriam prender as
forças francesas em Hannut para que não pudessem chegar a outras partes da
França.
Foi uma das primeiras grandes
batalhas de tanques da Segunda Guerra Mundial, com centenas de ambos os lados.
Ao final, os franceses não venceram, mas conseguiram ganhar tempo. Isso ajudou as forças aliadas a se organizarem e se retirarem para lutar em outro lugar.
Kleber conta que a região de
Hannut favorecia as pessoas de se esconderem e que muitos que batalharam
naquela época ainda moram na região e têm suas memórias com tanques de guerra
ressignificadas pela arte do brasileiro. “Eles se lembram da
época em que os tanques passavam por aqui, porque aqui tem vários lugares que
dava para se esconder por causa das bombas. Eles ficam impressionados porque o
meu tanque traz o sentimento contrário do que normalmente leva para eles. Ele
traz a leveza, a tranquilidade, a paz, e é isso que eu quero passar na minha
arte, é o que eu estou trazendo para o museu”, explica Kleber.
O trabalho é desenvolvido com
mais dois artistas: Alemão e Elvis Morão, também brasileiros, assim como o dono
da galeria, Tiago de Ales.
“Será um museu, o primeiro da Bélgica que tem todo esse lance de gastronomia e arte. Cada dia ele tem um prato diferente, com comidas típicas do Brasil, tipo a feijoada, o churrasco, coisas que a gente vê aí. Queremos trazer essas pessoas para apreciar um pouquinho do Brasil, e está ficando fantástico esse trabalho aqui”, conta o artista.
Do interior de SP ao cenário
artístico europeu
Kleber Lopes contou, em
entrevista ao g1, que sempre gostou de desenhar, por influência da mãe que o
incentivava. Inclusive, se formou em Artes Plásticas em Ourinhos (SP) sempre
com afeição pelo grafitismo e street art.
O assisense foi professor de
artes durante mais de 15 anos, até que, durante a pandemia da Covid-19 resolveu
expandir suas artes, que ficavam apenas nos muros das escolas, para as redes
sociais. Foi quando começou a participar de leilões e exposições.
“Eu comecei a ver um mercado
para eu inserir o meu trabalho, a minha arte. E daí as portas começaram a se
abrir com as redes sociais. Foi quando eu comecei a ser chamado para participar
de leilões, de exposições” lembra Kleber.
Já na Bélgica, o artista viu a
oportunidade de abrir a visão da arte clássica dos europeus para o modernismo
da grafitagem. Kleber aproveitou a estadia para conhecer outras referências de
Street Art pela europa, na Holanda, por exemplo.
“Eu vejo, aqui na Bélgica que
o Street Art tem uma diferença grande, do Brasil. Aí é o grafite está cada vez
mais em projetos sociais, em escolas. Já aqui não é um pouco mais conservador,
eu diria. Estamos conquistando esse espaço com inspiração em outros países. Por
exemplo, nós fomos à Holanda, conhecer um grande museu de Street Art chamado
Stratt. E é ele que está nos inspirando aqui”, finaliza o artista plástico.
G1 Bauru e Marilia