
A agricultura regenerativa foi
o tema principal do “Dia de Campo” realizado em setembro pela Associação dos
Plantadores de Cana do Médio Tietê (Ascana) e pela FMC Agrícola, em Lençóis
Paulista-SP. O evento contou com a participação do professor Rodrigo Mendes,
que destacou o papel crucial do microbioma do solo e a capacidade dessa
abordagem de conciliar práticas sustentáveis com ganhos de produtividade.
Ao abordar a evolução
histórica das práticas agrícolas, Mendes enfatizou que, embora os métodos
convencionais tenham elevado a produção, também resultaram na degradação do
solo. Para ele, a agricultura regenerativa, que foca na saúde do solo e na
biodiversidade, oferece uma alternativa mais duradoura e lucrativa. “O manejo
regenerativo prioriza o lucro sustentável, não apenas a produtividade imediata.
O objetivo não é bater recordes, mas sim garantir a rentabilidade, protegendo
as plantas contra estresses bióticos e abióticos”, afirmou o professor.
Mendes destacou que o aumento
da produtividade vai além do uso de insumos, passando pela adoção de novas
tecnologias de manejo e pela escolha de materiais de qualidade. Ele também
relembrou a “Revolução Verde”, que trouxe avanços como calagem, rotação de
culturas e uso de defensivos, mas apontou que, apesar disso, a saúde do solo
segue sendo um fator determinante para a produção agrícola. Um estudo de caso
apresentado por ele mostrou solos mantidos por 160 anos sem fertilizantes,
comprovando a resiliência do microbioma.
O professor também esclareceu a diferença entre microbiota e microbioma, explicando que este último inclui, além dos microrganismos presentes no solo, seus metabólitos e genes. Mendes falou ainda sobre os chamados “solos supressivos”, onde patógenos não conseguem causar doenças, e como a manipulação do microbioma pode melhorar a saúde das plantas.
Guilherme Mantovani,
desenvolvedor de mercado da FMC, apresentou os produtos biológicos Provilar e
Ataplan, explicando que ambos possuem mecanismos de ação diferentes — um sendo
aplicado nas folhas e o outro no solo. “Ambos atuam por meio da antibiose, indução
de resistência e competição, ajudando a planta a desenvolver seu próprio
sistema de defesa”, explicou Mantovani. Ele também mencionou o conceito de
“efeito prime”, no qual certas cepas de microrganismos ativam o sistema de
defesa das plantas em resposta a patógenos, permitindo uma resposta mais
eficiente e econômica em termos de energia.
Marcelo Assis, representante
técnico da FMC, destacou a segurança que a formulação desses produtos oferece
aos produtores. “Mesmo com temperaturas elevadas, como as registradas em campo,
os produtos permanecem estáveis e eficazes, conforme comprovado em estudos
realizados por universidades”, disse Assis, reforçando o diferencial
competitivo que essas soluções trazem para o mercado agrícola.
jornalcana