
Apesar de serem maioria e
representarem 51,8% da população do centro-oeste paulista, apenas 14 mulheres
foram eleitas prefeitas de municípios da região nas eleições municipais de
2024. O número corresponde a 14% dos cargos das 100 cidades da área de cobertura
da TV TEM de Bauru (SP) e Marília (SP).
Apesar do índice ainda baixo,
a população escolheu 75% mais mulheres para o cargo de chefe do Executivo em
comparação com as eleições de 2020, quando esse número foi de apenas 8%, ou
seja, oito cidades.
Além disso, dessas 14 eleitas
neste ano, quatro são mulheres que já ocupavam o cargo e foram reeleitas,
enquanto outras oito são as primeiras mulheres a ocupar o cargo nos respectivos
municípios. Em duas cidades, as prefeitas não são reeleitas, mas também não são
as primeiras mulheres a ocupar o cargo.
Confira:
Assis: Telma Spera (PL) -
Primeira mulher eleita;
Avaí: Hellen Rodrigues (PSD) -
Reeleição;
Bauru: Suellen Rosim (PSD) -
Reeleição;
Borborema: Sheila Maria (PL) -
Primeira mulher eleita;
Cafelândia: Tais Contieri
(PODEMOS) - Reeleição;
Duartina: Suzy Simão (PSDB) -
Primeira mulher eleita;
Guaiçara: Flávia do Baiano
(PSB) - Primeira mulher eleita;
Guaimbê: Márcia Achilles (PSD)
- Reeleição;
Iacanga: Fátima Pinheiro
(REPUBLICANOS) - Primeira mulher eleita;
Itapuí: Clélia (PSD) -
Primeira mulher eleita;
João Ramalho: Dirce Valejo
(PSDB) - Primeira mulher eleita;
Ribeirão do Sul: Eliana
(CIDADANIA);
Tarumã: Adriana Roncada (PSD)
- Primeira mulher eleita;
Ubirajara: Leila do Walmir
(MDB).
Representatividade no
Legislativo
Em Bauru e Marília, a
representatividade feminina nas Câmaras também é baixa. Em contrapartida, as
duas candidatas a vereadoras mais votadas nas duas maiores cidades do
centro-oeste paulista são mulheres.
Em Bauru, a já vereadora
Estela Almagro (PT) obteve 7.586 votos válidos. A integrante do Legislativo
ultrapassou em mais de mil votos o segundo candidato mais votado, o também
vereador Junior Rodrigues (PSD), que obteve 6.433 votos.
A partir de 2025, Bauru
contará com 21 vereadores. O aumento do número de cadeiras foi aprovado no
final de 2022, com o projeto de emenda à Lei Orgânica do município, que
adicionou quatro cadeiras ao Legislativo.
Estela foi a única mulher
eleita para o Legislativo na cidade, já que Chiara Ranieri (UNIÃO BRASIL), que
compunha o núcleo feminino da Câmara de Bauru até este mandato, concorreu ao
Executivo, sendo a segunda mais votada, com 31.075 votos, atrás de Suéllen
Rosim (PSD), que recebeu 94.341 votos.
Esta será a primeira vez em
Bauru que uma mulher negra, Estela Almagro (PT), mais votada na Câmara, dará
posse a uma prefeita também mulher e negra, Suéllen Rosim (PSD), e a outros
vereadores.
Em Marília, a vereadora mais
votada foi Fabiana Camarinha (PODEMOS), com 4.281 votos.
Ao contrário de Bauru, o
número de mulheres na Câmara de Marília dobrou se comparado ao da legislatura
atual, com as reeleições de Vania Ramos (REPUBLICANOS) e Professora Daniela
(PL), além da eleição.
O que significa a baixa
representatividade?
Em entrevista à TV TEM, a
cientista política Teresa Kerbauy destacou que o cenário de pouca
representatividade feminina no centro-oeste paulista e no Brasil de modo geral
é preocupante, já que os partidos são obrigados a garantir que 30% das suas
candidaturas sejam de mulheres.
"Essa baixa
representatividade, tanto em Bauru quanto na região, é um pouco assustadora, no
sentido de que existem cotas para candidatas mulheres. As explicações são
várias. Acho que um pouco tem a ver com o Fundo Eleitoral não ser aplicado no
financiamento de campanha das mulheres; isso, em geral, os partidos não fazem.
E tem um processo na Câmara Federal para inocentar esses partidos",
explica.
A cientista aponta que, apesar
da obrigatoriedade de financiamento pelo Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral
para apoiar campanhas de mulheres, os partidos frequentemente não cumprem essa
obrigação.
"Os partidos que não
tiveram essas cotas e nem o financiamento apropriado nas últimas eleições têm
um processo na Câmara Federal, que, em geral, acaba inocentando esses
partidos", explica.
Teresa também explica que,
mesmo presentes nos partidos, muitas vezes as mulheres são apenas candidatas,
mas não fazem parte do diretório.
"Em geral, são mulheres
que são escolhidas pelo partido, mas, na realidade, elas não fazem parte do
diretório, elas não fazem parte da vida diária do partido. Então, isso também
pode refletir na baixa aprovação ou na baixa eleição de mulheres, não só em
Bauru, mas na região".
g1 Bauru e Marília