
Os números de mortes e de
atendimentos ambulatoriais a pacientes, com menos de 60 anos, diagnosticados
com acidente vascular cerebral (AVC) aumentaram na região de Piracicaba (SP) em
um ano, de acordo com balanço mais recente divulgado, a pedido do g1, pela
Secretaria de Estado da Saúde (SES).
👩As mulheres estão entre os
pacientes com mais risco de sofrerem um acidente vascular cerebral. O g1
conversou com o médico da Santa Casa de Piracicaba, que integra a Unidade AVC
do Hospital, Davi Klava para explicar.
👨⚕Segundo o especialista, apesar de
existirem fatores de risco comuns a homens e mulheres, o sexo feminino
apresenta maior risco de sofrer AVC do que o sexo masculino.
Óbitos: Nos primeiros oito
meses de 2024, a região de Piracicaba teve 89 mortes de pessoas nessa faixa
etária, em decorrência de AVCs. O número superou os registros de óbitos entre
janeiro e agosto do ano passado, quando Diretoria Regional de Saúde (DRS)
registrou 88 falecimentos.
🧠O que é o Acidente Vascular
Cerebral?
De acordo com o médico da
Santa Casa de Piracicaba, que integra a Unidade AVC do Hospital, Davi Klava, o
Acidente Vascular Cerebral ocorre quando os vasos sanguíneos que irrigam o
cérebro se obstruem ou se rompem, resultando na morte de áreas cerebrais devido
à falta de sangue.
⚠️Fatores: Os principais fatores de risco
são comuns a homens e mulheres como o tabagismo, pressão arterial elevada e
colesterol alto. Contudo, no caso da mulher, somam-se outros elementos. Veja,
abaixo.
Por que a mulher tem mais
risco de sofrer um AVC?
De acordo com o médico Davi
Klava, a mulher apresenta diferentes aspectos associados que a fazem mais
propensa a sofrer um acidente vascular cerebral. Veja lista de fatores:
🤰Gravidez: O médico
especialista explica que, no período gestacional, há um aumento do risco de
AVC, devido o estado pró-trombótico (hipercoagulabilidade vascular) que a
gestação impõe. "Ou seja, o rsico de formação de trombos vasculares está
aumentado, podendo causar AVCs nesta fase da vida da mulher", pontua.
📉Pressão arterial: "A
pré-eclâmpsia consiste em elevados níveis de pressão arterial desenvolvidos
durante a gravidez e aumenta para o dobro o risco da mulher sofrer um AVC mais
tarde durante a sua vida", explica Klava.
💊Uso de pílulas hormonais: as
mulheres estão sujeitas a diversos picos hormonais ao longo da vida e o uso de
reposição hormonal (estrogênio) seja como anticoncepcional ou na terapia de
reposição hormonal pós-menopausa, aumenta a chance de acidente vascular
cerebral.
🤯Enxaqueca com aura: Este tipo de enxaqueca, mais frequente em mulheres, está associada a um maior risco de AVC isquêmico em mulheres mais jovens, especialmente se fumarem ou tomarem contraceptivos orais.
Pacientes com menos de 60 anos
O médico entrevistado pelo g1
faz um alerta de que o cenário atual, segundo ele, é o de pacientes cada vez
mais jovens, com doenças que elevam o risco de AVCs, e que não fazem o controle
ou tratamento dessas comorbidades, como pressão arterial e diabetes, por
exemplo. Além de terem hábitos que agravam as chances de desenvolver quadros,
como o tabagismo e o sedentarismo.
"Apesar de na discussão
de casos de AVC em pacientes mais jovens, com menos de 55 anos, as causas menos
comuns ganharem maior evidência do que nos casos de AVC na população de maior
idade (como por exemplo as trombofilias, dissecções arteriais ou doenças
reumatológicas), a nossa realidade é a de pacientes cada vez mais jovens com
doenças que classicamente aumentam o risco de AVC (hipertensão arterial,
diabetes, colesterol elevado, tabagismo) muito mal controladas", salienta.
Ele ressalta que,
independentemente da condição primária que levou ao AVC, o paciente precisa
fazer o controle correto das doenças e fatores associados.
"Se o paciente apresentar
estas comorbidades e não estiver seguindo um tratamento adequado, que envolve
principalmente o uso correto das medicações e mudanças de estilo de vida, isso
acarretará em maiores áreas de isquemia cerebral e dificuldade na recuperação
das funções após o evento cerebral", disse.
Atendimentos e internações
De janeiro a agosto deste ano,
foram registrados 7.018 atendimentos ambulatoriais a pacientes, com idade
inferior a 60 anos, diagnosticados com Acidente Vascular Cerebral (AVC) nas
cidades abrangidas pelo Departamento Regional de Saúde (DRS) de Piracicaba. No
mesmo período de 2023, foram registrados 5.064 atendimentos a essa população.
A região teve 336 internações
de pacientes, com idade inferior a 60 anos, diagnosticados com Acidente
Vascular Cerebral nas cidades do DRS de Piracicaba. No mesmo período de 2023,
foram 361 internações a essa população na região.
⚠️Quanto mais rápido for o diagnóstico e o
tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa. É
essencial ficar atento aos sinais e sintomas e procurar atendimento médico
imediato.
⏳Fator tempo: Quanto mais cedo o tratamento
for administrado, maior a chance de minimizar danos cerebrais e melhorar os
resultados clínicos.
"O acionamento do Samu
pelo número 192 é uma ação primordial. Além disso, o acesso à reabilitação
precoce é fundamental; quanto mais rápido o paciente receber suporte, maiores
as chances de recuperação”, recomenda.
📝Sinais
São cinco principais sinais de
alerta, sempre de início repentino:
Perda de força súbita e/ou
dormência súbita de um braço e/ou perna e/ou face, especialmente em metade do
corpo
Dificuldade de falar ou
entender a fala
Tontura (rotatória associada à
falta de equilíbrio, falta de coordenação)
Alterações visuais súbitas em
um olho, nos dois olhos ou na metade de cada olho
Dor de cabeça súbita e
intensa, diferente do habitual
“Reconhecer os sinais do AVC é essencial para a busca imediata por atendimento em um centro especializado. Nas primeiras horas, o que equivale às 4,5 horas do início dos sintomas do AVC, temos à disposição um tratamento que desobstrui a artéria cerebral ocluída, podendo reverter totalmente as possíveis sequelas", afirma o médico.
A Secretaria Estadual de Saúde
ressalta que 90% dos fatores de risco podem ser evitáveis, veja lista, abaixo:
hipertensão arterial
diabetes mellitus
doenças cardíacas
colesterol elevadas
ingestão de bebidas alcoólicas
tabagismo
sedentarismo
obesidade
Cenário geral
O número de mortes por
acidente vascular cerebral (AVC), incluindo pacientes de todas as idades,
cresceu cerca de 10% em 2024 na região de Piracicaba (SP), de acordo com
levantamento da Secretaria da Saúde do Governo de São Paulo. De janeiro a
setembro deste ano, foram 578 óbitos em decorrência de AVCs. No mesmo período
de 2023, foram 525 registros.
Ainda segundo a Pasta, a
Diretoria Regional de Saúde (DRS) de Piracicaba somou 14.109 atendimentos
ambulatoriais, 1.102 internações de pacientes com Acidente cerebral vascular
nos oito primeiros meses deste ano.
No mesmo período de 2023,
foram 14.715 atendimentos ambulatoriais, 1.203 internações e 525 óbitos. Em
todo o ano passado, foram 21.873 atendimentos ambulatoriais, 1.774 internações
e 807 óbitos.
A DRS10, que engloba
Piracicaba (SP), abrange 26 municípios sendo 15 parte da área de cobertura do
g1 Piracicaba. 📍
Os dados fornecidos englobam
as cidades de Águas De São Pedro (SP), Analândia (SP), Araras (SP), Capivari
(SP), Charqueada (SP), Conchal (SP), Cordeirópolis (SP), Corumbataí (SP), Elias
Fausto (SP), Engenheiro Coelho (SP), Ipeúna (SP), Iracemápolis (SP), Itirapina
(SP), Leme (SP), Limeira (SP), Mombuca (SP), Piracicaba (SP), Pirassununga
(SP), Rafard (SP), Rio Claro (SP), Rio das Pedras (SP), Saltinho (SP), Santa
Cruz Da Conceição (SP), Santa Gertrudes (SP), Santa Maria Da Serra (SP), e São
Pedro.
Piracicaba
📆De 1º de janeiro a 24 de
outubro deste ano, foram 71 casos de AVC atendidos na Santa Casa de Piracicaba,
segundo apontou o enfermeiro coordenador do Pronto Atendimento da unidade,
Ricardo Barramansa. O mês que registrou maior incidência foi agosto, com 17
casos.
No ultimo dia 29 de outubro,
Dia Mundial do AVC, o alerta para prevenção foi motivo de campanha em todo o
mundo.
Somente no primeiro semestre
de 2024, foram registradas no País 39.345 mortes, em média seis por hora,
segundo dados do Portal de Transparência do Registro Civil da Arpen Brasil.
Estado
A Secretaria de Estado da
Saúde (SES) informa que, de janeiro a agosto deste ano, foram registrados
273.113 atendimentos ambulatoriais, 34.795 internações e 14.861 óbitos por
acidente vascular cerebral (AVC) no estado de São Paulo.
Em 2023, foram 401.872
atendimentos ambulatoriais, 55.844 internações, 22.239 óbitos, sendo 272.997
atendimentos ambulatoriais, 37.418 internações e 14.804 óbitos no período de
janeiro a agosto.
Por Claudia Assencio, g1
Piracicaba e Região