Neste sábado (2), é celebrado
o Dia de Finados, um feriado nacional dedicado a relembrar a memória dos entes
queridos que já se foram.
Na ocasião, os cemitérios
costumam ter um grande fluxo de pessoas, movimento que será bem-vindo para o
'Celsinho', dono de um estabelecimento em frente ao Cemitério Municipal de
Garça (SP).
O bar, que tem como carro
chefe o costelão, a panceta de rolo e as baguetes com cupim, acabou fazendo
sucesso e atraindo a população pela peculiaridade da localização.
Celso Felipe de Sousa e sua
esposa Leila Aparecida Morais contaram, em entrevista ao g1, como a ideia do
estabelecimento surgiu na cidade.
'Figurinha conhecida'
Antes de ser o ‘Celsinho, o
dono do bar em frente ao cemitério’, o garcense trilhou um longo caminho na
cidade, se tornando uma figura conhecida. Ele já foi jogador profissional em
times da região, como o Garça Atlético Clube, e passou quase oito anos sendo
dono e entregador de uma boutique de água.
A inauguração do bar, no
entanto, foi apenas um mês antes do lockdown ser decretado nacionalmente, e o
dono confessa que sobreviveu ao período principalmente por conta do serviço de
entregas.
“O Celsinho - Assados e
Porções sobreviveu devido ao conhecimento e clientes que a gente tinha do Disk
Água. Na entrega, a gente avisava sobre os assados, e a clientela começou a
encomendar, que foi onde começamos a ter nome nesse ramo de atividade.”
Naquela época, o
estabelecimento ainda não era próximo ao Cemitério Municipal, e o casal seguiu
com os dois negócios até conseguirem desligar o Disk para se dedicarem ao bar,
que estava recebendo elogios pela comida saborosa e a cerveja gelada.
Leila relata também que a maior motivação para se mudarem do antigo local foi financeira, já que o casal queria sair do aluguel, e a nova residência, com uma garagem ampla e cozinha espaçosa, conseguiria ser casa e estabelecimento. Ela brinca: "Quando vimos a casa, eu achei tão linda que confesso que nem liguei que era de frente para o Cemitério".
Apesar da localização…
Mesmo ao lado de um lugar que
pode ser um pouco assustador para algumas pessoas, Celsinho conta que o local
recebe muitas famílias e, com a convivência e amizade que acaba nascendo nos
atendimentos, surgiram também muitas piadas, inclusive com o nome do local.
“O pessoal, em primeiro lugar,
faz várias brincadeiras e falam: ‘Porque não tem o nome escrito na parede?
Coloca De Frente Para o Futuro, O Último Gole ou Sala 5, já que dentro do
velório tem quatro salas!", relata o dono do bar.
Além disso, Celsinho brinca com aqueles que acabam tendo muito medo, afirmando que existe toda uma segurança no local. “Ninguém passa dalí para cá”, ele argumenta, apontando para onde ficam as sepulturas, separadas por um muro.
Clientela fiel
Ao serem questionados sobre
como o estabelecimento conseguiu reunir clientes, já que fica em uma área mais
afastada do Centro e dos outros restaurantes, Celsinho conta que a divulgação
foi feita exclusivamente de forma orgânica, com conhecidos e amigos frequentando
o local e, principalmente, os curiosos em razão da localização peculiar.
A cozinha e os freezers ficam na garagem da casa, e as mesas são montadas no outro lado da calçada, na sombra fresca das árvores que rodeiam o local, onde os carros também estacionam para os velórios.
Mesmo que não tenham enterros
todos os dias, Celsinho tem regras permanentes para que exista uma boa
convivência no local. Para ele, o mais importante é respeitar as pessoas que
podem estar passando por um momento delicado.
“Os cuidados é evitar que
liguem o som, em primeiro lugar. É preciso respeitar as pessoas que podem estar
passando por um momento de dor, de perda. Também temos vizinhos, né, então
temos que respeitar o próximo. Onde acaba o meu limite, começa o de alguém.”
E assim, seguindo algumas
regras, aos finais de semana, muitas famílias e grupos de amigos de todas as
idades se reúnem para confraternizar, e a localização peculiar acaba até por
ser esquecida no meio das conversas, comidas e risadas.
* Sob a supervisão de Mariana
Bonora
g1 Bauru e Marília