A estratégia funcionou num
primeiro momento, mas não se mostrou suficiente. As receitas estão subindo
muito acima da inflação, o que representa um sucesso do plano do ministro
Fernando Haddad.
Só que as despesas
obrigatórias estão crescendo num ritmo ainda maior. Com isso, a estratégia de
aumentar a arrecadação já não consegue sozinha equilibrar as contas públicas.
Agora, apesar da resistência
de vários ministros da ala política e social, o governo está tendo de encontrar
fórmulas para limitar o crescimento dos gastos obrigatórios.
Caso contrário, o cenário pela
frente será de inflação e dívida pública em alta, o que vai pesar negativamente
na popularidade do presidente Lula.
Além de um estrangulamento, a
partir de 2027, das despesas livres do governo, colocando em risco o
funcionamento da máquina pública e investimentos federais.
O governo Lula errou ao
aprovar o novo arcabouço fiscal. Na época, a equipe de Lula optou por tirar
totalmente da nova regra fiscal as despesas com saúde e educação.
No programa anterior, do teto
de gastos, elas estavam sendo reduzidas, mas ao ficarem fora do arcabouço no
governo Lula passaram a crescer num ritmo que ou explode a nova regra fiscal ou
para a máquina pública.
O correto, no início do
governo, era garantir crescimentos das despesas com educação e saúde, mas
dentro dos limites do arcabouço fiscal, que impedem um crescimento real
superior a 2,5%. O que já representa uma alta importante.
Agora, o governo será acusado
de operar contra a área social se fizer o que deveria ter sido feito antes.
Por Valdo Cruz
Comentarista de política e
economia da GloboNews.