Todo mundo sabe que show de
Roberto Carlos é quase sempre o mesmo, e não foi muito diferente na noite desta
quinta-feira (26), em São Paulo. Metódico, o cantor faz poucas mudanças em suas
apresentações — e o público não reclama nem um pouco, diga-se —, mas esta atual
turnê tem uma novidade interessante, que é sua versão de Evidências, que supera
de longe a da dupla Chitãozinho e Xororó.
A música é a 12ª de um show no
Espaço Unimed, zona oeste paulistana, que começou às 21h20 com apenas a banda —
sempre ótima — no palco tocando uma versão instrumental de Como É Grande o Meu
Amor por Você. Roberto, vestido com o tradicional terno azul, surge uns três
minutos depois, sob aplausos e gritos do público, composto de muita gente acima
dos 60 anos. Normal, Roberto está com 82. Como sempre acontece, ele abriu a
apresentação com Emoções.
Depois de agradecer ao público
— “vejo vocês já há tanto tempo” —, o cantor vai mostrando seus clássicos de
todas as eras, um após o outro: Como Vai Você, Além do Horizonte, Ilegal,
Imoral ou Engorda. Envolto por belas luzes de cores sóbrias, Roberto se senta
num banquinho e canta a sempre emocionante Detalhes, clássico insuperável
composto em parceria com Erasmo Carlos.
Apesar de zero novidade até
aqui, o show continua encantando os fãs com vários outros sucessos, como Outra
Vez, O Calhambeque (canção mais antiga do show, de 1964), Lady Laura e Sua
Estupidez.
Chega então a vez de
Evidências, hit composto pelo também cantor José Augusto — dono de muitos
sucessos nos anos 1980 e 1990 — e por Paulo Sérgio Valle e que Roberto gravou e
lançou no fim de 2022. Antes de começar, o cantor diz: "Eu também tive vontade
de gravar esta música", e dá para entender bem o porquê. É impressionante
como a canção se adapta perfeitamente ao rei da música popular brasileira. A
combinação é tamanha que dá para dizer que a interpretação de Roberto supera de
longe a de Chitãozinho e Xororó, que decidiram recentemente que Evidências é
criação deles.
Claro, não há comparação
possível aqui, já que Roberto é ainda um cantor exímio e acrescenta um bom
gosto inexistente na versão dos irmãos sertanejos. Há até um solo de guitarra
muito bom, que põe a canção em outro patamar. Ao vivo, Evidências de Roberto é
ainda melhor que a de estúdio. A música é mesmo a grande novidade nos shows do
rei e faz valer o dinheiro gasto no ingresso.
Mas ainda existe vida na
apresentação de Roberto após a canção de José Augusto. Ele apresenta a banda,
cita o clássico roqueiro A-Wop-Bop-a-Loo-Bop, de Little Richard, e continua com
Esse Cara Sou Eu (seu último grande hit) e Amigo (em homenagem a Erasmo) e
termina com Jesus Cristo.
Nesta última música, a frente
do palco já está tomada por fãs que saíram das cadeiras para se preparar para o
arremesso de rosas que o cantor sempre faz no fim de seus shows. E, claro,
virou um grande "pega pra capar", mas não teve bronca desta vez, como
aconteceu no ano passado, no Rio de Janeiro. Ainda bem.
R7