
O ex-presidente Jair
Messias Bolsonaro tornou-se réu após o Supremo Tribunal Federal (STF) optar,
por unanimidade, para aceitar a denúncia contra o ex-presidente e outros sete
investigados no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado. A decisão foi
tomada nesta quarta-feira (26), com placar de 5 a 0 na Primeira Turma do
tribunal. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, afirmou que há
elementos suficientes para a abertura da ação penal. Segundo
Moraes, Bolsonaro teria atuado como um dos líderes da organização responsável
pelo planejamento do golpe. Além dele, foram incluídos no processo Alexandre
Ramagem, Almir Garnier Santos, Anderson Torres, Mauro Cid, Paulo Sérgio
Nogueira e Walter Braga Netto. O ministro destacou que o julgamento, neste
momento, não avalia a culpabilidade dos acusados, mas apenas a existência de
indícios para justificar a continuidade da ação judicial.
O relator citou a
denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que descreve detalhadamente
as acusações e as provas colhidas pela Polícia Federal. “A Procuradoria-Geral
da República, nos termos do artigo 41 do Código do Processo Penal, descreveu satisfatoriamente
os fatos típicos e ilícitos com todas as suas circunstâncias”, afirmou Moraes,
destacando que isso garante o direito de defesa aos investigados.
Durante a sessão, Moraes
apresentou um vídeo que mostra os atos violentos ocorridos no dia 8 de janeiro
de 2023, quando apoiadores do ex-presidente invadiram e depredaram as sedes dos
Três Poderes, em Brasília. O ministro ressaltou que “não houve um domingo no
parque, não foi um passeio”, rebatendo a versão de que os manifestantes estavam
apenas exercendo seu direito de protesto.
Além de abolição
violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado, a
denúncia aponta crimes como organização criminosa, dano qualificado e
deterioração de patrimônio público tombado. Moraes afirmou que há evidências de
que Bolsonaro tinha conhecimento sobre a chamada minuta golpista, que previa
medidas para reverter o resultado da eleição presidencial.
Com a maioria já
formada, Bolsonaro e os demais investigados passam a responder formalmente à
ação penal, podendo apresentar defesa ao longo do processo.
Luiz Henrique Oliveira
Portal LeoDias