A mulher que foi brutalmente
assassinada pelo marido registrou um boletim de ocorrência horas antes do crime
no qual afirmava ter sido obrigada a manter relações sexuais com ele e ter
descoberto que o celular dela era rastreado. O feminicídio foi registrado na
segunda-feira (26), em Tupã (SP).
Horas antes do assassinato,
por volta das 9h30, Milena Dantas Bereta Nistarda, de 53 anos, foi à delegacia
de Tupã e denunciou o marido, tendo registrado um boletim de ocorrência por
violência psicológica e violência doméstica.
No registro policial, a vítima contou que era casada havia 29 anos com Marcelo Nistarda Antoniassi, de 49 anos. Ela revelou aos policiais que o casal tinha dois filhos, um homem de 26 anos e uma mulher de 29 anos, sendo a jovem enteada de Marcelo.
No relato à polícia, Milena
contou que a violência contra ela aumentou há aproximadamente dois meses,
quando os filhos do casal saíram de casa para morar em outras cidades. Um foi
para Blumenau (SC) e outro para Marília (SP).
Segundo a vítima, ela se
sentia "vulnerável" e o marido a mantinha em "cárcere de forma
sutil", pois "ele sempre arrumava alguma desculpa para ela não sair
de casa". Ainda no relato, Milena informou que, "por diversas vezes,
foi obrigada a manter relação sexual com ele, mesmo contra a sua vontade".
No dia do registro do BO, a
vítima ainda revelou que descobriu que o marido rastreava o celular dela. Até
então, a única denúncia de violência da esposa contra Marcelo era de um caso
ocorrido 10 anos atrás, segundo o registro policial.
Brutalidade
De acordo com informações da
Polícia Civil, Milena Dantas Bereta Nistarda foi morta a facadas. O principal
suspeito é o marido dela, Marcelo Nistarda Antoniassi, que foi preso em
flagrante pelo crime na residência do casal.
Por volta das 9h30, Milena foi à delegacia de Tupã, registrou um boletim de ocorrência e pediu medida protetiva contra o companheiro. Em seguida, ela retornou para casa e se trancou no imóvel.
Ainda segundo a Polícia Civil,
o suspeito do crime invadiu a residência, localizada na Vila Abarca. Durante a
ação, ele derrubou o portão com o carro e arrombou as portas do imóvel. No
local, ele desferiu diversos golpes de faca contra a vítima e, por fim, abriu o
abdômen dela e extraiu as vísceras e o coração.
O homem chegou a resistir à
prisão, mas foi preso em flagrante por feminicídio, por volta das 13h30, cerca
de quatro horas depois da esposa ter pedido uma medida protetiva contra ele.
O caso foi registrado como violência psicológica, violência doméstica e homicídio qualificado por motivo fútil, à traição ou emboscada, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.
Violência contra mulher
Esse não é o primeiro caso
deste ano de feminicídio ou tentativa de feminicídio contra mulheres que
pediram medida protetiva em Tupã.
No dia 22 de janeiro, um homem
matou a ex-companheira a facadas. O crime ocorreu um dia depois de o casal ter
ido até a delegacia da cidade após uma briga. A vítima, Aline Cruz dos Santos,
de 34 anos, pediu medida de proteção, mas o crime aconteceu antes do resultado
da solicitação.
Ela foi atingida por vários golpes de faca, na casa onde morava com o homem, no bairro Morada do Sol. Segundo a Polícia Civil, Aline tentou se defender, mas ficou muito machucada. O suspeito do crime, Valdemir Moraes Gomes, de 32 anos, foi encontrado morto dois dias depois.
No dia 21 de janeiro, um outro
homem foi preso duas vezes em um intervalo de 10 horas suspeito de agredir a
ex-companheira.
A vítima relatou aos policiais
que o agressor e ex-companheiro deu um golpe conhecido como
"mata-leão" nela e a ameaçou com uma faca. O homem foi localizado e
preso em flagrante com base na Lei Maria da Penha. Uma medida protetiva foi
expedida em favor da vítima.
No início daquele dia, o
suspeito das agressões teve a liberdade concedida pela Justiça em audiência de
custódia. Por volta das 16h, cerca de 10 horas após a primeira ocorrência, a PM
foi acionada a comparecer a um parque, onde o homem estaria agredindo novamente
a ex-companheira e teria quebrado o carro dela.
Novamente, ele foi preso em
flagrante pelos policiais. Desta vez, além do crime de violência doméstica, o
suspeito também responderá por lesão corporal, dano e quebra de medida
protetiva. Ele permanece preso.
G1