Gael Henry Jesus Ribeiro, de apenas dois anos, morreu após
ser picado por uma cascavel, na zona rural de Panorama (SP) — Foto:
Reprodução/Redes sociais
Um menino, de apenas dois
anos, identificado como Gael Henry Jesus Ribeiro, morreu após ser picado por
uma cascavel (Caudisona durissa), na noite deste sábado (18), em Panorama (SP).
A família da criança estava
acampada na região do Córrego dos Macacos, em um local conhecido como Angico,
na zona rural da cidade, onde foi pescar.
Em determinado momento, o
menino se deslocou até outro ponto junto a um dos irmãos, que teria ido urinar,
quando foi atacado na panturrilha pela cobra, segundo a Polícia Civil.
No mesmo instante, o pai matou
a serpente e a levou, junto com a criança, para o Pronto Atendimento Municipal
(PAM), a fim de que os profissionais identificassem a espécie e ministrassem o
soro anticrotálico, no entanto, por haver um guizo na ponta do rabo do animal,
já imaginou se tratar de uma cascavel.
A vítima deu entrada na
unidade de saúde por volta das 19h e foi atendida por um médico. Na ocasião,
ele ministrou um soro para hidratação e antibióticos na criança, que também foi
submetida a exames, ainda de acordo com a Polícia Civil.
Entretanto, apenas na manhã
deste domingo (19), por volta das 7h40, é que o soro anticrotálico para o
veneno foi aplicado em Gael, cerca de 12 horas após o acidente.
Em seguida, ele foi
transferido para o Hospital Regional (HR), em Presidente Prudente (SP), onde
deu entrada às 11h58, porém, como estava “bastante debilitado”, não resistiu e
morreu às 13h02, conforme a polícia.
O corpo da criança foi
encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para realização do exame
necroscópico.
Gael foi sepultado na tarde desta segunda-feira (20), no Cemitério Municipal de Panorama.
Cortei a cabeça da cobra',
diz pai da criança
O pai de Gael, José Ribeiro,
disse que conseguiu cortar a cabeça da cobra logo após o filho ter sido atacado
pela cascavel.
“Meu menino aqui do lado viu
na hora que a cobra atacou o mais novinho num lugar limpo. Aí rapidamente, no
apavoro, eu fui lá e cortei a cabeça dela. Coloquei ela dentro de uma sacolinha
e nós corremos o mais rápido possível para o hospital. Chegando aqui no
hospital, o médico fez os primeiros procedimentos. Disse que ia fazer um exame
nele de seis em seis horas, mas eu vi que o estado dele estava piorando. Quando
o dia amanheceu, voltei à Santa Casa [e] o menino estava pior ainda. Estava
geladinho. Estava dormindo, não acordava. Perguntei para o médico [e] o médico
falou que ele estava bem. Os pulmõezinhos estavam funcionando, estava
respirando”, disse José Ribeiro em entrevista à TV Fronteira.
O pai ainda lembrou que,
quando o filho foi transferido para o Hospital Regional, em Presidente
Prudente, a uma distância de mais de 140km de Panorama, o estado de saúde da
criança já era “muito grave”.
“Quando foi encaminhar ele, já
era em torno de umas 10 [horas], 10 e pouco. Ele já chegou lá em [Presidente]
Prudente num estado muito grave. Os médicos já não tinham o que fazer muito,
não. Foram entubá-lo e ele teve um ataque cardíaco. Ficaram em torno de uns 40
minutos tentando reanimá-lo, mas infelizmente veio a óbito. No meu ponto de
vista, foi negligência, porque num caso desse tinha de ter transferido o menino
na hora para um lugar de mais recursos”, lamentou José Ribeiro.
O irmão de Gael, Elielton
Jesus Ribeiro, afirmou à TV Fronteira que houve muita demora no atendimento do
paciente em Panorama.
“Eu vi a hora que a cobra deu
o bote nele. Eu peguei ele do lado da cobra, porque ele caiu na hora da picada.
Eu peguei do lado. Vim socorrer. Meu pai cortou a cabeça da cobra e nós viemos
para a Santa Casa aqui”, disse Elielton.
“Parece que o soro foi em 12
horas. Veio uma ambulância de outra cidade para vir buscar ele para transferir
para [Presidente] Prudente”, complementou o irmão.
Outro lado
Ao g1, a secretária de Saúde
de Panorama, Vanessa Steluti, disse que Gael Henry Jesus Ribeiro chegou ao
Pronto Atendimento Municipal e, “de imediato, o médico plantonista ligou para o
Instituto Butantã e seguiu todo o protocolo”.
“A criança não apresentava
sintomas e, por instrução do Butantã, não foi aplicado o soro de imediato.
Porque o soro, se administrado de forma desnecessária, pode causar danos ao
paciente, como um choque anafilático, por exemplo”, ressaltou.
À reportagem, ela ainda
informou que, quando a criança apresentou o primeiro sintoma, o médico “entrou
com o soro”.
“Pedimos a vaga para
Presidente Prudente dar continuidade e a criança chegou estável [no Hospital
Regional]. Agora, eu estou aguardando para saber o que aconteceu com essa
criança dentro do hospital, em Prudente”, finalizou.
A secretária municipal de
Saúde de Panorama, Vanessa Steluti, garantiu que a criança estava “estável”
quando foi transferida para Presidente Prudente.
“Passado esse período de
observação, na parte da manhã, a criança apresentou, pelos exames, uma
alteração e foram feitos todos os soros necessários e pedimos a transferência a
partir deste momento. Quando ela foi transferida, saiu daqui estável. Quando a
médica que fez a transferência deixou a criança lá no hospital de [Presidente]
Prudente, essa criança estava saturando bem e ela estava estável. De acordo com
os procedimentos do [Instituto] Butantã, essa criança se apresentava estável.
Então, não tinha naquele momento por que fazer a transferência. A partir do
momento em que foi constatada uma alteração, imediatamente nós já fizemos essa
transferência”, explicou a secretária.
Vanessa ressaltou que, para
garantir a segurança do paciente, foi acionada uma ambulância equipada com uma
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para fazer a transferência do menino de
Panorama para Presidente Prudente.
“Chamamos a ambulância UTI
para resguardar o caminho, apesar de a criança estar estável aqui, nós fizemos
esse trajeto com uma ambulância UTI, de acordo com o que tem de ser para a
segurança do paciente, e, como eu disse, chegou até Presidente Prudente estável”,
complementou a secretária de Saúde à TV Fronteira.
Em nota oficial enviada ao g1,
o Hospital Regional de Presidente Prudente informou que o paciente em questão
deu entrada neste domingo (19) no Pronto-socorro infantil da unidade em estado
grave, às 11h58, onde foi prontamente atendido pela equipe médica e
multiprofissional. Devido à gravidade do seu quadro clínico, o óbito do menino
foi constatado no mesmo dia, às 13h02, ainda segundo o HR.
G1